Em um total de 121 alunos formados nos cursos de Piloto Comercial na EJ em 2017, 11 foram mulheres, representando 9,09% do total. Este número indica um crescimento de 136% em 5 anos. Em 2012, entre 202 alunos, a EJ formou apenas 4,2% de mulheres pilotos comerciais, habilitação necessária para quem deseja voar profissionalmente. “Tem sido um crescimento gradativo. Em 2015, mulheres representaram 6,4% e em 2016, foram 7,8%. e agora este número expressivo, para comemorar”, afirma Josué Andrade, diretor da EJ.
A porcentagem de 9,09% da EJ é pouco mais de três vezes superior à média brasileira de mulheres com esta habilitação, que é de 2.78%, segundo números recentes divulgados pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). “EJ está hoje com percentual semelhantes aos países mais avançados do mundo em questões de emancipação feminina, como Suécia e Finlândia, com 8,6% e 12%, respectivamente, e acredito que temos como avançar ainda mais”, diz Anderson Silva, diretor administrativo da Unidade Itápolis da EJ.
“Este avanço de pensamento não ocorre apenas aqui conosco. As companhias aéreas brasileiras tem contratado mais mulheres e dado mais atenção para o combate ao machismo na aviação. Fazem bem, mulheres são muito cuidadosas e criteriosas ao voar”, diz Josué Andrade, diretor da EJ. “Pelo que eu vejo na aviação comercial o preconceito está diminuindo muito à medida que as mulheres vão ganhando espaço e mostrando que têm a mesma competência dos homens, uma vez que pilotar é resultado de dedicação, determinação e estudo, e isso não depende de gênero. Eu vejo que a aviação está cada vez mais aberta a nós e isso me deixa muito feliz e motivada”, afirma Renata Oliveira, 22, aluna do curso de piloto comercial.
O aumento de mulheres voando faz parte de uma política institucional da escola de incentivo à mulheres em posto de comando de aeronaves. Hoje a EJ conta com seis instrutoras de voo nos cursos regulares, e uma delas, instrutora de acrobacia aérea. “É uma grande motivação às alunas e futuras alunas, inclusive. Cada vez mais vemos mais mulheres se matriculando e começando a voar, e isso significa que em breve esse número de pilotos mulheres voando profissionalmente vai aumentar bastante”, afirma Renata. “Eu vejo como uma grande quebra de barreiras que estamos passando a cada ano. Hoje quando ando pela EJ vejo sempre alunas novas pra entrar nessa luta com a gente”, complementa Paula Brufato, 22, aluna do curso de instrutor de voo.
Vencendo barreiras
“A situação mais marcante machista que passei foi no meu primeiro dia de teórico de PC. Na apresentação um garoto sentou ao meu lado e rindo me disse: ‘pra mim lugar de mulher é pilotando fogão’, relata Paula Brufato. “Logo no início, antes de encontrar a EJ, eu liguei em outra escola para saber sobre valores e etc e de cara me passaram o valor do curso de comissária. Expliquei que na realidade eu estava interessada no curso de piloto privado”, complementa Maria Julia Guerra Ribeiro, 19, aluna do curso de piloto comercial. “Na maioria das vezes quando me perguntam o que eu faço muitas pessoas ainda se ‘chocam’, tanto homens quanto mulheres. Acredito que o nosso papel na aviação, e não só nessa área mas em varias outras, é o de mostrar que nós temos capacidade suficiente para fazermos o que quisermos”, complementa.
“Eu acho que todas as aviadoras são guerreiras, já por terem escolhido uma profissão predominantemente masculina. A maioria das pessoas ainda nem sabem que existem pilotos mulheres. Isso afasta muitas meninas de correrem atrás do sonho de serem pilotos”, afirma Renata Oliveira. “Acredito que um papel importante das mulheres na aviação, dentre vários, é dar motivação para as demais, mostrando - na prática - que elas podem ser o que elas quiserem, independente de ainda ser uma profissão com poucas mulheres. Além disso, todas estão mostrando muito bem que são capazes de dominar um avião tanto quanto qualquer homem”, finaliza.
